Fotografia vs Fotomanipulação

A fotografia é a arte da "escrita com luz", no entanto hoje em dia com tantos softwares que permitem a manipulação das imagens onde termina a fotografia e começa a arte digital?

Pode considerar-se fotografia imagens que são resultado de claras manipulações? onde os elementos não são resultado do olhar do fotógrafo, mas sim resultado de recortes, colagens e adição de efeitos. Qual é a vossa opinião?

Na minha opinião as fotomanipulações não devem ser consideradas fotografia, mas sim arte (digital).

Pessoalmente costumo fotografar na maior parte das vezes em RAW e por isso "revelo" as imagens no Camera RAW, como alguns de vós devem saber isso permite fazer pequenos ajustes a posteriori sem perda de qualidade no contraste, balanço de brancos, exposição etc... será que isto é considerada manipulação ou no fundo acaba por ser aquilo que os fotógrafos da era analógica faziam aquando da revelação?

Gostava de saber outras opiniões sobre o assunto.



22 comentários:

  1. Olá. Antes de mais queria só dizer que adoro este tipo de questões. O que é fotomanipulação e o que não é? Posso apenas dar a minha opinião e a minha visão sobre este assunto e fazer o paralelismo com o passado (recente) da fotografia analógica.

    Parece-me que este texto, apesar de conciso, levanta algumas questões muito interessantes e se me é permitido gostava de falar um pouco sobre cada uma.

    Será que ajustes globais, de exposição, saturação, balanço de brancos, contraste, cor, etc são consideradas manipulação digital? Bom, que é digital ninguém tem dúvidas, mas a verdade é que (todas) as técnicas digitais existentes hoje, já existiam no analógico (por curiosidade googlem "Darkroom techniques", vão ficar espantados). Por isso, fico na dúvida se será assim um tamanho sacrilégio (como muitos o consideram) aliás, quem fotografa em jpeg deveria saber que nesse caso a câmara está a aplicar várias definições que algum engenheiro (provavelmente japonês) terá programado. Sharpness, vibrancia/saturação, contraste, etc, etc...

    Ah está bem, isso é tudo muito bonito relativamente aos ajustes globais, então e os seletivos? É exatamente a mesma coisa... Isso já existia no passado... :) Os nomes "Dodge" e "Burn" vêm precisamente das respetivas técnicas do analógico. "Unsharp Mask" também, por acaso...

    Ok, ok... Mas uma coisa é alterar aspetos de contraste, exposição, etc, outra coisa é retirar elementos das fotografias... Pois lá vem o espanto outra vez... Tudo isto também se fazia no passado... E continuava-se a chamar fotografia... :) Por curiosidade vão a http://www.tc.umn.edu/~hick0088/classes/csci_2101/false.html, e vejam o resultado da censura soviética em algumas fotografias, o resultado é que o Trotsky pura e simplesmente foi retirado das mesmas, com recurso a técnicas meramente analógicas.

    É um facto que hoje em dia é muito mais fácil executar qualquer destas ações. Dantes só quem sabia, era talentoso e tinhas as ferramentas certas é que conseguia fazê-lo, ao contrário de hoje em dia em que qualquer pessoa tem uma cópia (pirateada ou não) do Photoshop e consegue facilmente (melhor ou pior) fazer este tipo de alterações. Agora, será que por causa disso essas fotos são menos Fotografia e mais Arte Digital? Acho que não, o meio de suporte é que se alterou. O olhar do fotógrafo/artista tem de estar presente senão, por muito que se invista tempo em manipulações e ajustes não se chega lá. Atenção que não estou a falar da criação de mundos ou criaturas fantásticas, etc. Isso geralmente tem uma grande componente de pintura digital, etc.

    Já agora há ainda outro tipo de "Fotografia" que geralmente ninguém contesta sobre se deve ser Fotografia ou Arte Digital e que são os HDR... Esses meus amigos não existiam no passado e são fruto da tecnologia atual. Serão essas Fotografias?

    PS: mais uma vez adorei o mote à discussão do seu post... Cumprimentos...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Li com gosto o seu comentário e agradeço desde já a sua opinião. De facto também já tinha conhecimento de que na era analógica se faziam essas pequenas alterações básicas na revelação. E eu não sou purista ao ponto de achar que essas imagens devam ser consideradas manipulações...

      Levanta também a questão das manipulações de fotografia na época analógica serem comuns... de facto há vários casos conhecidos, mas para mim uma coisa é uma composição criada na máquina resultado do nosso olhar e outra bem diferente é uma imagem como tantas alterações que são mais a actividade de um editor de imagem criativo ou um designer do que propriamente de um fotógrafo.

      Se para si uma foto manipulada (com colagens, recortes, adição ou subtração de elementos continua a ser uma fotografia, onde termina a fotografia e começa aquilo que chama de pintura digital?

      E nos concursos de fotografia será justo que a par de fotografias ditas "normais" entrem a concursos imagens com manipulações?

      Para mim o HDR é um tipo de fotografia, apesar do nível de alterações nas sombras e nas áreas de luz serem muitas vezes profundas, não se mexe na composição (que é a visão do fotógrafo)...

      Eliminar
    2. Quanto a concursos parece-me claro que dada a facilidade que existe em recorrer às mais várias técnicas digitais, essas situações devem ser acauteladas e explicitadas no respetivo Regulamento, ou seja o que é claramente permitido e o que é claramente proibido. Já houve concursos que eu não participei, com uma determinada fotografia, porque tinha sido um pouco manipulada, e o regulamento só permitia ajustes globais e básicos... Mas aí todos estavam em pé de igualdade quem queria apresentar imagens SOOC (Straight Out Of Camera) fá-lo-ia e quem se quisesse arriscar, saberia que se estava a arriscar...

      O ponto que para mim é mais preocupante é quando o propósito da fotografia é o do Fotojornalismo (neste momento há grande celeuma em torno de uma imagem vencedora do World Press Photo 2013, mas já houve mais casos) onde não deve haver qualquer manipulação "pesada". Mas o que é pesado? É subjetivo e cada um entende-o como entende. Lembro-me de um caso de um fotojornalista que perdeu a sua carteira profissional por ter aumentado seletivamente o contraste de umas colunas de fumo sobre um cenário de guerra.

      Um recorte, por exemplo, não me choca muito, aliás na maioria das camaras de entrada de gama, a ocular só mostra entre 95 e 98% do enquadramento, e se por algum acaso aparecer na foto final um braço, ou uma perna indesejada? Podemos cortá-la, ou não? Penso que a visão do fotógrafo está lá, só se retiram as partes que depois se consideram superfluas. E essa alteração eu considero que estará incluida no processo de "revelação". Nos tempos da analógica o recorte (ou crop) era feito quando se ampliava o negativo dexando-se de parte as partes que não se pretendiam. Por exemplo, uma das fotos mais icónicas do século passado é a do homem com sacos de compras em frente a um tanque na praça de tienamen. A foto que correu mundo é um recorte da foto original que apresenta muitos mais tanques, e as árvores à volta, etc.

      Apresento-lhe mais um caso para discutir-mos... :) eheheh não saimos daqui... As fotos de panorâmica, serão fotografia ou não? Na verdade tratam-se de várias fotografias tiradas e manipuladas de forma muito pesada (há pixeis a mexerem-se de local, etc) para produzir uma imagem diferente, mas que representa a visão do fotógrafo... ;)

      Relativamente à técnica de HDR, ela é mais do que apenas alterações nas zonas de sombras e altas-luzes... trata-se de selecionar de uma gama de luminosidade muito vasta escolher os tons que se pretendem em cada pixel... No fundo é distorcer e ampliar a gama dinâmica de tons que a câmara é capaz de registar, e bem assim, até mesmo o olho humano...

      Apesar daquele meu discurso todo, eu faço HDR, eu faço panorâmicas, eu manipulo imagens para produzir o que chamo de Arte Digital (http://www.flickr.com/photos/eduardoventurafotografia/8754879240/ ou http://www.flickr.com/photos/eduardoventurafotografia/8120443687/), faço recortes, faço clonagens, etc, etc... Mas tento ter tudo certissimo na câmara para ter de fazer o minimo de ações sobre a imagem, e atenção que em RAW é SEMPRE necessário realizar ajustes à imagem...

      Finalmente e apesar desta conversa toda concordo com a maior parte da sua opinião... A minha visão é um bocadito diferente, ou seja eu acho que uma imagem deixa de ser Fotografia quando as alterações são tantas que alteram o próprio ambiente em que a imagem foi captada...

      Ou seja, se alterar uma Imagem sei lá, trocando o céu de uma paisagem por um céu mais dramático captado nas Seychelles, para mim isso já não é Fotografia, mas se aproveitar o céu que tinha quando tirou a sua fotografia em Coimbra e fizer um Dodge e Burn para maximizar o carácter do céu, então isso já é Fotografia... Não sei se me faço entender, porque quando começo a escrever, não sei parar... Pronto... Vou parar... :)

      PS: Afinal ainda não... Eu já trinha dito que gosto muito destas discussões?! Não se nota, pois não?! :D Gosto mesmo de ouvir as opiniões de outros fotógrafos sobre este assunto...

      Eliminar
    3. Xii que isto ficou muita grande... :) Eu espero que não pareça que eu estou a ser muito extremista e pareça "chateado". Nada disso eu gosto MESMO destes debates de ideias... :D

      Eliminar
    4. LOL nada disso, também gosto de discutir estes assuntos, acho que neste último texto me revejo mais na sua opinião. Eu costumo participar em concursos de fotografia e acho que é fundamental ler sempre bem as regras, não só para saber que direitos ou não nos garantem, mas também precisamente para sabermos o que é ou não permitido e entrarmos em pé de igualdade com os outros participantes.

      A minha questão vem precisamente da polémica do World Press Photo, não sei se de facto a imagem foi manipulada ou não, não sou especialista para afirmar algo de que não tenho a mínima certeza, mas aquilo que me causa mais desconforto na possibilidade de isso ser verdade, é o facto de ser fotojornalismo, a ideia deveria ser mostrar a realidade, não ampliar ou ocultar determinado aspecto... se não corre-se o risco de se estar a falsificar as notícias e se as imagens valem mais do que mil palavras e têm tanta importância hoje em dia e podem ser vistas em quase qualquer local do mundo... isso é muito perigoso.


      Pessoalmente os "crops" não me chocam também, também não os vejo como uma manipulação.

      Eu gosto de arte digital, de HDR (cada vez mais daqueles menos evidentes), panorâmicas já fiz algumas mas por acaso que me lembre nunca publiquei e confesso até que adoraria saber manipular imagens e criar composições surrealistas, aquilo que me choca é que as pessoas não assumam as alterações que fazem e que queiram passar as suas imagens como sendo fotógrafos, quando passam mais tempo a editar e criar imagens do que propriamente a fotografar. E quando isso é em fotojornalismo é gravíssimo.

      Eliminar
    5. Quanto9 aos concursos é preciso ter muita atenção, principalmente, aos direitos que nos retiram, ao invés dos que nos garantem... ;) Estive agora para participar numa Maratona Fotográfica, mas desisti quando vi no Regulamento que todas as fotos colocadas a concurso seriam propriedade do promotor. E disse-lhes, "nem pensar nisso"... :)

      Quanto à questão do World Press Photo a foto foi mesmo manipulada, para lá do que considero ser digno de fotojornalismo. Há um artigo muito engraçado em http://www.hackerfactor.com/blog/index.php?/archives/550-Angry-Mob.html que faz uma análise à imagem vencedora e à mesma imagem quando esta foi publicada num jornal, mas isto é a minha opinião.

      Quanto ao segredo para o HDR é precisamente que ele não fique "exagerado"... Alguns programas de HDR têm mesmo presets que dizem "Surreal", por isso ou bem que se envereda por ai e sabe-se o que se está a fazer e sabe-se que aquilo não existe na veradde, mas é bonito de se ver, ou então vai-se por um look muito mais "natural" e aproximado do que se viu, no local.

      Eliminar
    6. Sim é assustador o número de concursos organizados onde o objectivo parece ser arranjar uma colecção gratuita de imagens...

      Quanto ao World Press Photo quando inicialmente li as primeiras notícias parti do princípio que quando falavam em composição, que se tinham utilizado várias imagens diferentes para compor a imagem a concurso ou seja uma manipulação extrema, no entanto este artigo ajuda a clarificar que o que aconteceu pelo que entendi foi que ele usou a mesma imagem em diferentes layers e as combinou numa só...

      Tenho dificuldade em entender a necessidade deste fotógrafo de alterar esta imagem, ela é poderosa na sua versão original mesmo com as sombras mais profundas e mais saturação... eu acho que esta foto poderia vencer sem precisar de nenhuma alteração só pela intensidade dramática do momento captado.

      O que me questiono é o porquê dele ter feito isso, se a realidade não é suficiente para captar a nossa atenção? se há necessidade de criar efeitos dramáticos numa foto como esta? será ético fazer este tipo de alterações em fotojornalismo?

      O autor do artigo põe em questão uma coisa importante, se as alterações que se fizeram não fazem a imagem passar uma mensagem diferente, de raiva na primeira publicação e de luto na segunda... e eu acho que é realmente importante reflectir sobre isso, nem é tanto as alterações que se fizeram que me chocam.

      Em HDR tudo depende do que as pessoas pretendem destacar ou mostrar, tenho algumas publicadas que hoje em dia já não gosto, precisamente porque acho que exagerei.

      Eliminar
  2. Sou um pouco contra esse excesso de manipulação na edição das fotografias,
    elas perdem sua naturalidade e pecam pelo exagero e ficam artificiais.
    Isto não deixa de ser arte, assim como dissestes é arte digital.
    Sou fã do simples e natural , mas nada contra a arte digital , desde que sem exageros.
    Algumas vezes fotografo em raw, mas como o arquivo tende a ser muito pesado e ocupar muito espaço , uso mais o jpg.
    Muito bom falares sobre estes assuntos.

    Beijos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu depende da manipulação, por exemplo gosto imenso do trabalho do André Botto, e aquilo é claramente resultado de muitas horas de edição... HDR houve uma altura que quis experimentar e deixava as imagens com um aspecto pouco natural e demasiado artificial, hoje em dia já não sou tão fã e tudo depende da imagem e há casos em que fica melhor um aspecto mais natural e noutras que ajuda a dar um efeito mais dramático que pode ser interessante.

      Os ficheiros RAW são realmente muito pesados mas acho que nalguns casos como em fotografia de paisagem onde a quantidade de luz entre o céu e a terra é tão diferente, ajuda ter um ficheiro que guardam tanta informação e permitem alguns ajustes a posteriori para evitar imagens sub-expostas ou sobre-expostas.

      Agradeço a participação na discussão.

      Eliminar
    2. Olá Cristina. Compreendo o seu ponto de vista em relação a tudo o que disse. Mas e se eu lhe disser que por vezes consigo passar horas e horas a editar uma imagem e no fim poucas pessoas serão capazes de dizer que ela foi manipulada?! O segredo da edição fotográfica é que não seja facilmente visualizada, mas que faça toda a diferença... :) Por exemplo deve gostar de pretos e brancos... Eu sou capaz de estar uma boa meia-hora só a decidir como é que converto uma imagem para preto & branco, por forma a maximizar todo o seu potencial... Desengane-se quem pensar que o preto e branco é só carregar onde diz "converter para preto e branco"... LOL.
      Se estiverem para aí virados lanço um desafio... :) Vão a http://www.flickr.com/photos/eduardoventurafotografia/5933729234/ e digam-me de que forma é que esta foto foi "mexida" :) Prometo que vou ser sincero em relação aos ajustes efetuados... :) Ou então vão a: http://www.efedoispontooito.blogspot.pt/2013/04/1652-trash-candies.html e digam-me de que forma é que esta foi "mexida"... eheheh deve ser interessante... Para não estar a sobrecarregar aqui o blog da Helena se quiserem poderão enviar-me um mail (eduardoventura1981@gmail.com)...

      Quanto aos RAW's o que eu acho é que eu não me posso dar ao luxo de estar a "desperdiçar" uma quantidade tão grande de informação que é retirada do sensor ao utilizar os jpg que comprimem a imagem e deitam fora vários bit's de dados... Principalmente se eu tiver um cliente "dificil" que me faça muitas exigências e me dê pouco tempo para trabalhar. E agora dir-me-ão que isso é verdade se levar a fotografia numa perspetiva profissional, mas a questão é que tanto nas fotos pessoais de familia como nas fotos artisticas que eu produzo, a filosofia tem de ser a mesma. Porque é que eu hei-de pensar que os trabalhos que eu faço para os outros é que têm de ter mais qualidade? Para mim é que eles devem de ter o máximo de qualidade e por isso mesmo essa filosofia é transposta para a minha metodologia de dia-a-dia... Eu tenho um disco de 1 Tb cheio de imagens a aguardar edição... E cada vez que faço backups são em dois DVD's para ter redundância para o caso de um deles se avariar ou deixar de se ler... :) Por isso a utilização do RAW ou não depende da utilização das fotos e de se perceber que há de facto um manancial de informação nos RAW que não há nos jpg.

      Bom, voltando ao que interessa (sim, também gosto de falar de RAW, LOL. Muitas vezes o simples natural é mais manipulado do que se julga... ;)

      Não há mais ninguém que queira dar a sua opinião?

      Eliminar
    3. Ah, quanto ao André Boto... Aí sim, eu já acho que a manipulação, apesar de muito bem feita, obviamente altera o ambiente e as circunstâncias em que a foto foi feita. Mas os resultados são bem espetaculares, aí sim, acho que esse tipo de fotografia conceptual (como ele lhe chama, para mim isso é outra coisa, lol) deve ser enquadrada na Arte Digital, ou pintura digital...

      Só mais uma coisa quanto aos RAW's. No caso das paisagens dá muito jeito, como diz Helena, mas o melhor é mesmo acertar no local com foiltros de densidade neutra em gradiente, porque se só usar os filtros em gradiente no Photoshop (ou outro), vai estar a "esforçar" (em termos de capacidade/latitude de edição) essa zona da imagem sendo que será depois muito mais dificil fazer outro tipo de acertos. Mas numa situação em que se esqueceu dos filtros, não tem mesmo filtros, não tem paciência para os filtros, etc, ai sim... Pode ser usada essa capacidade do RAW. Mais uma vez, depende do que se pretende da fotografia e depende de como se encara a Fotografia. Já agora deixo mais um exemplo meu, em http://www.efedoispontooito.blogspot.pt/2013/04/1352.html está uma foto minha em que para a tirar, acordei às 5h30 da manhã, enquanto esperava que o sol nascesse choveu bastante em cima de mim e da minha máquina, andava constantemente a limpar os filtros, mas no final produzi uma imagem que, na minha opinião, é bastante apelativa e não me importava de ter na minha parede da sala. :)

      Obrigado por esta conversa que está a ser muito interessante...

      Eliminar
    4. Em relação à primeira foto da Serra da Estrela não faço ideia, mas na segunda parece-me que os elementos da banda foram "colados" à foto com o light painting, porque o nível de nitidez das pessoas para uma foto de 50 segundos parece-me irreal :-P, mas já agora gostava de saber o que foi feito nas fotos, se for possível.

      Por todas as razões que refere eu também sou fã de RAW e costumo usar filtros de densidade neutra com e sem gradiente, no entanto quando saio sem ter uma ideia pré-definida do que vou fotografar nem sempre vão todos os filtros, tripé e acessórios atrás, porque as vezes simplesmente apetece-me fotografar coisas sem planear; por isso dizia que ajudava nesses casos fotografar em RAW caso existam áreas com altos contrastes, onde seja difícil ter uma exposição equilibrada à partida.

      Eliminar
    5. Ainda bem que mordeu o isco Helena... ;) Então é o seguinte, a foto da Serra da Estrela é que tem imensa edição e a outra da banda, não... Ou seja, na Foto da serra da Estrela começo por dizer que é um HDR. Subi à Serra na hora dourada, mas achei que com tanto branco e o pôr do sol tão forte (afinal de contas a atmosfera é mais rarefeita lá em cima) e por isso achei que devia fazer um HDR para aproveitar ao máximo a gama dinâmica da cena. Quando cheguei ao computador além do HDR estive de volta dos ajustes básicos (saturação, contraste, claridade, redução de ruído, etc) mas fiz também bastante dodge e burn. Portanto ainda estive bastante tempo de volta da imagem no computador e o resultado, na minha opinião, saiu bastante natural. Na da banda foi exatamente o contrário... :) Não passei praticamente tempo nenhum no computador e a imagem foi produzida completamente (se esquecer-mos os ajustes básicos de "revelação" do RAW) na câmara. Para a executar houve dois momentos e tudo às escuras, abria exposição em Bulb e com a banda em posição, eu e a minha assistente iluminamos a banda com dois flashes (um de cada lado). Como a duração do flash é tão infima a banda ficou perfeitamente registada e como não houve mais luz nenhuma a iluminá-los não houve mais "contaminação". Pedi-lhes para ficarem o mais quietos possivel e portaram-se lindamente. Fui para trás deles e deitei fogo à lã de aço. Rodei-a e fez os efeitos de light painting. Quando terminou de arder voltei à câmara, fechei o obturador e tinha lá esta imagem. Revelei o RAW da mesma forma de sempre e creio que fiz um ligeiro crop porque compor na escuridão não é pêra doce... :)

      Por isso está a ver, nem tudo o que parece é... :)

      Às vezes o que parece natural e saído diretamente da máquina pode ser enganador e na verdade ter muita manipulação e podemos acabar por dizer que determinado fotógrafo é um grande fotógrafo porque aquilo é que são imagens naturais e na verdade podem ter mais edição que rebites num submarino lol :)

      Eliminar
    6. Muito obrigada pela explicação, eu praticamente nunca uso flash (da câmara) e como não tenho flash externo, confesso que não sabia muito bem como o sistema funciona, mas agora já entendi. Realmente passou-me pela cabeça que pudesse ser como diz, mas ao ampliar a imagem e ao focar a minha atenção no elemento da banda de trás do lado direito vê-se um efeito da luz a sair da barba e da orelha e do outro lado há como que um espaço vazio entre a luz e a cabeça e isso deixou-me confusa :-D

      Eliminar
    7. O espaço vazio e o rasto de luz a sair da barba tem a ver com o facto de ele se ter mexido um tudo nada e por isso já não estava a bloquear a luz que vinha dos rastos no mesmo sitio em que foi apanhado com os flashes...

      Quanto ao flash da máquina, faz muito bem em não usar... :) Para já, a sua luz é muito fraca e depois o seu posicionamento, deve ser provavelmente o pior possivel... lol Um Flash externo é um pequeno investimento, mas para começar há muitos chineses (Yongnuo) que fazem grande parte das coisas que os manos grandes fazem por um décimo do preço (não estou a gozar, de 500euros, passamos para 50euros).

      Eliminar
    8. Depois da sua explicação de como foi feita a foto eu percebi que isso se devia ao movimento da cabeça, mas da primeira vez que vi realmente levou-me em erro.

      Ando a pensar nisso do flash, até porque queria fazer umas experiências com alta velocidade e isso parece ser essencial. Para uma Nikon D5100 recomenda algum (desses mais económicos :-D)?

      Eliminar
    9. Olá Helena... Mande-me um mail e eu respondo por ai... É escusado estar a "carregar" aqui o blogue, com links para o Ebay e com preços, etc... o meu mail é eduardoventura1981@gmail.com

      Eliminar
  3. Confesso que já fui muito mais purista do que sou hoje.
    No inicio, só considerava que uma verdadeira fotografia era aquilo que saia da máquina fotográfica. Todos os ajustes, por mais pequenos que fossem, que se fizesse posteriormente à fotografia, iria transformar-la em outra coisa (arte digital?) que não poderia ser considerada como uma verdadeira fotografia.
    Como o tempo, fui aprendendo e percebendo que esse ponto de vista era uma utopia
    Neste momento, aceito plenamente que manipular uma fotografia, em que se faça crops, ajustes de saturação/contraste, nivelamento ou endireitar de linhas do horizonte, conversões para outros tons (preto e branco, sépia, ...) não retira nenhum mérito à fotografia. Só retira mérito ao fotógrafo, porque não teve a habilidade e a sabedoria necessária para controlar essas opções variáveis quando fez a fotografia.
    Tudo o resto, todas as manipulações que fujam desses "pequenos ajustes", continuo a pensar que ao fazê-las deixamos de ter como resultado final fotografias e passamos a ter algo que podemos designar como arte digital.

    Que existe arte digital muito bem feita, em que até parece que tudo é 100% real, claro que existe.
    Que existe na área fotográfica uma cultura do facilitismo, em que se segue o lema "agora faço assim que é mais fácil e depois junto tudo e altero no Photoshop", também é verdade.
    Que existe muito fotógrafo de renome, que se lhe fosse retirado o acesso aos programas de edição, que não saberiam criar fotografias, também é verdade.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada pela participação Remus, focou algo de que ainda não se tinha dito nada e que me parece importante: a cultura do facilitismo, de facto já ouvi essa história algumas vezes, as pessoas simplesmente não têm paciência para sair com um tripé às costas, filtros e etc e estar horas à espera do momento certo para o "click"; não tenho nada contra a edição de imagens, mas continuo a achar que não é o mesmo capturar um momento ou uma cena e criá-la.

      Eliminar
    2. Olá Remus... Concordo parcialmente consigo... É muita verdade quando diz que não tem mérito quem tira uma fotografia medíocre e depois no computador consegue fazer um makeover e criar algo extraordinário (se bem que eu acho que essa pessoa não conseguirá fazê-lo de forma consistente ao longo do tempo). E de facto a máxima de "agora deixo assim depois no Photoshop faço o inimaginável", deve ser, do ponto de vista da Arte Fotográfica, criticado. Não há nada como de facto estar debaixo de chuva à espera da luz ideal, com os filtros todos, etc, etc e depois tirar a foto no momento absolutamente mágico.

      Por outro lado, na minha opinião, será um fotógrafo muito mais habilidoso, aquele que conseguir aliar tudo em si. Por um lado fazer tudo certo na câmara e depois conseguir extrair toda a potencialidade "escondida" que a fotografia tem. Lembro por exemplo, o mestre da fotografia de paisagem (e não só) americano Ansel Adams. O seu processo consistia em fotografar, com uma câmara de madeira, muito antiquada (até mesmo para a altura) e depois passar horas na câmara escura a revelar e a maximizar o potencial dos seus pretos e brancos. O homem inventou o Sistema de Zonas que ainda hoje é utilizado na fotografia em preto e branco, e fazia-o durante as ampliações a partir do negativo expondo seletivamente mais algumas zonas e subexpondo outras para conseguir criar uma gama tonal o mais completa possivel (do preto profundo ao branco imaculado), no fundo era o que seria atualmente chamado de "esticar o histograma" e fazia-o através da técnica de Dodge e Burn... E acreditem, aquele homem tem muito mérito, no entanto passava imenso tempo na câmara escura a processar imagens (existem alguns videos no youtube dele na câmara escura).

      É o que se me oferece dizer... :)

      Eliminar
    3. Conheço as fotos do Ansel Adams e gosto muito, mas por acaso não sabia qual era o processo de trabalho dele. Estou a gostar bastante desta partilha, ainda mais que estou a aprender coisas interessantes, obrigada Eduardo.

      Eliminar
    4. Ora essa... É para isso que os blogues foram feitos... ;) E outra coisa os fotógrafos são bastante dados à conversa... :D

      Eliminar

Agradeço todos os comentários, sejam críticas ou elogios. Vou tentar se possível responder e visitar igualmente os vossos blogs. Obrigada.

 

Freelancer contact:

Estou disponível para trabalhos de fotografia de retrato ou de eventos, assim como para restauro de fotografias antigas ou outros trabalhos de retoque fotográfico.

Por favor contacte-me por mensagem privada ou email para helenaprata@sapo.pt, para consulta do orçamento ou outra informação.

Copyright

É expressamente proibida a reprodução, manipulação ou uso das fotos e textos sem o conhecimento/aprovação da autora.

Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

About